A rede social X (anteriormente conhecida como Twitter) informou, nesta sexta-feira (20), ao Supremo Tribunal Federal (STF), o nome da advogada Rachel de Oliveira Villa Nova como sua nova representante legal no Brasil. A comunicação foi realizada para cumprir a determinação do ministro Alexandre de Moraes, que havia dado à empresa um prazo de 24 horas para comprovar a reativação de sua representação no país. O prazo estipulado terminou às 21h29 do mesmo dia.
Na última quinta-feira (19), Moraes ordenou que a empresa apresentasse documentos de registro na Junta Comercial e comprovasse a nomeação oficial da advogada. A exigência veio após o fechamento do escritório da rede social no Brasil, que ocorreu em agosto deste ano, em desacordo com as regras para empresas que operam no país.
O fechamento do escritório foi anunciado pelo bilionário Elon Musk, dono da plataforma, após a empresa ser multada por se recusar a cumprir decisões judiciais que determinavam a remoção de perfis de usuários investigados pelo STF por publicações consideradas antidemocráticas.
Conflito jurídico
O mês de agosto foi marcado por tensões entre o X e as autoridades brasileiras. Após a rede social descumprir ordens do STF, Alexandre de Moraes determinou a suspensão temporária da plataforma no país até que a empresa regularizasse sua situação jurídica. A medida fazia parte de um esforço da Corte para garantir que empresas estrangeiras que operam no Brasil sigam as leis locais e mantenham representação ativa para responder a determinações judiciais.
Comentário do advogado Antônio Amauri Malaquias de Pinho
Para o advogado Antônio Amauri Malaquias de Pinho, especialista em direito digital, a nomeação de uma representante legal pelo X é um passo fundamental para a regularização da empresa no Brasil, mas não encerra as discussões sobre o papel das redes sociais no cumprimento das leis brasileiras. “O cumprimento da decisão do STF por parte da empresa é importante para evitar novas sanções, mas também evidencia a complexidade das interações entre as plataformas digitais globais e as jurisdições nacionais. Há um claro embate entre os interesses comerciais das big techs e a soberania dos Estados em regulamentar o uso de suas plataformas dentro do território”, explica Pinho.
Ele ainda destaca que as empresas de tecnologia, como o X, devem ajustar suas políticas para garantir que operem de acordo com a legislação local, especialmente quando se trata de temas sensíveis como discursos antidemocráticos. “Ao desrespeitar uma decisão judicial brasileira, a empresa coloca em risco sua operação no país e levanta questionamentos sobre sua responsabilidade social e legal. Portanto, a nomeação de uma representante legal é apenas o início de uma série de ajustes que podem ser necessários para a plataforma manter suas atividades no Brasil de forma legal e transparente”, conclui o advogado.